Manutenção de entressafra: planejamento e controle.

Oportunidades do manejo de entressafra

Conheça a importância do manejo de entressafra para o preparo da área para a próxima cultura.

O manejo de entressafra integra toda atividade realizada no campo durante o período em que não há cultura instalada e ocorre geralmente após a colheita da safra verão. O objetivo é preparar a área para o plantio da safrinha ou manter a lavoura em condições adequadas, livre de bancos de sementes, pragas ou doenças, até a chegada da época do próximo plantio.

Acima de tudo, o manejo de entressafra é uma alternativa ao pousio, situação que deve ser evitada ao máximo em qualquer propriedade.

Durante a entressafra, existem diversas oportunidades de progredir na melhoria das condições da lavoura para a cultura subsequente de interesse comercial.

Neste texto, vamos abordar duas oportunidades muito importantes para quem planta INTACTA RR2 PRO e busca fazer um manejo de sistema produtivo, pensando no longo prazo:

O manejo de plantas daninhas resistentes.

Adoção de culturas de cobertura.

Confira!

O manejo de plantas daninhas na entressafra

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ao menos 15% das perdas de uma lavoura acontecem devido à interferência de plantas daninhas. Especificamente na cultura da soja, plantas invasoras são consideradas fatores limitantes de produção e devem ser manejadas sistematicamente.

Além da disputa por água e nutrientes, plantas daninhas podem hospedar pragas e servir de fonte de inóculo para doenças.

A redução de danos por plantas daninhas nas lavouras pode ocorrer no manejo pré-plantio, durante a safra e após a colheita, no manejo de entressafra. Além disso, é no manejo de entressafra que podemos efetuar o manejo de resistência de plantas daninhas.

O manejo de resistência de plantas daninhas na entressafra

Graças ao herbicida glifosato e às sementes RR (tolerantes ao glifosato), os sistemas produtivos passaram a obter melhores resultados no manejo de plantas daninhas no modelo de plantio convencional e principalmente no plantio direto.

No entanto, com o uso repetitivo de um único modo de ação, algumas espécies de plantas desenvolveram resistência ao longo do tempo. Como consequência, a dificuldade para manejar ervas durante a safra aumentou.

A rotação de herbicidas é fundamental para o manejo de resistência de plantas daninhas.

Neste contexto, o manejo de entressafra é a oportunidade para adotar ferramentas mais específicas, que não são recomendadas ao longo da safra, por causa do risco de fitotoxicidade. Com maior flexibilidade na rotação de herbicidas durante esse período, plantas daninhas de difícil controle podem ser manejadas de forma mais eficiente.

De olho nas plantas daninhas de difícil controle

O monitoramento e o reconhecimento das espécies de plantas daninhas e seus respectivos estágios de desenvolvimento são essenciais para a escolha dos produtos mais adequados para o manejo com herbicidas na entressafra.

Sendo assim, na lista de plantas que merecem maior atenção em razão da resistência a herbicidas, estão caruru, picão-preto, corda-de-viola, trapoeraba e buva. Se elas não forem manejadas adequadamente na entressafra, os desafios no manejo pré-plantio da próxima cultura tendem a ser enormes.

Caruru (Amaranthus sp.)

O caruru é uma planta daninha que capta muita luz, o que aumenta sua interferência no desenvolvimento da soja. Essa espécie é anual e pode produzir mais de 600 mil sementes, que se espalham facilmente com o vento. Além disso, a diversidade genética dessa planta é um fator que dificulta o seu manejo.

Buva (Conyza bonariensis)

A buva é capaz de produzir mais de 200 mil sementes por planta, que podem ser facilmente dispersadas pelo vento. O banco de sementes pode germinar no outono e no inverno, sempre encerrando seu ciclo no verão, o que impacta bastante na qualidade da germinação das plantas de soja quando o plantio ocorre em áreas infestadas.

Corda-de-viola (Ipomoea sp.)

A corda-de-viola é uma planta trepadeira anual que se desenvolve tanto em ambientes iluminados quanto com pouca iluminação. Com ramos que crescem bastante, de forma inconstante e sem posição definida, essa planta interfere na lavoura de soja ao manter o ambiente com alta umidade.

Além disso, a corda-de-viola causa prejuízos na colheita, quando se enrola nas plantas de soja antes da entrada da colhedora no campo.

Picão-preto (Bidens pilosa)

O picão-preto é uma planta daninha anual, ereta e pouco ramificada. Pode chegar a medir de 40 cm a 120 cm de altura.

Muito similar às demais plantas daninhas de difícil controle, o picão-preto apresenta grande diversidade genética. Além disso, é capaz de produzir de 3.000 a 6.000 sementes por planta.

Trapoeraba (Commelina benghalensis)

A trapoeraba é uma planta daninha perene, que cobre o solo quando infesta a lavoura. Esta planta se reproduz através de sementes aéreas e subterrâneas, o que a diferencia de outras espécies. Além disso, apresenta capacidade de brotamento através dos ramos.

É uma planta daninha que se destaca devido à sua agressividade e competitividade com a cultura da soja.

Sem plantas daninhas, sem pragas

Pragas precisam de fonte de alimento para se manterem na lavoura durante a entressafra. Como consequência, insetos que usam plantas daninhas como ponte-verde para atravessar este período podem impactar bastante o estande inicial da próxima cultura.

Para evitar também esse tipo de situação, é necessário realizar o correto manejo de plantas daninhas na entressafra.

Atenção com a cigarrinha-do-milho

Um exemplo de praga que se beneficia quando a área entra em pousio é a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis). Esse inseto é vetor do complexo de enfezamento, doença que leva prejuízos enormes para a cultura do milho.

Ainda nesta safra (verão 2020/20201), o complexo de enfezamento impactou muitas áreas de milho e, além da redução de produtividade, inviabilizou o desenvolvimento das plantas, levando a perdas de mais de 90% pelo menos nas lavouras de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.



Se a população de cigarrinha estiver elevada no início de um novo ciclo, a safrinha de milho pode sofrer os mesmos danos, o que reforça novamente a importância do manejo de entressafra após a colheita da soja.

Principais benefícios do manejo de plantas daninhas na entressafra

Ao fazer o manejo de plantas daninhas durante a entressafra, é possível obter uma série de benefícios, como:

Manejo de plantas daninhas em sua fase inicial de desenvolvimento.

Redução de banco de sementes.

Redução da infestação no momento do plantio da próxima cultura.

Maior flexibilidade para manejar plantas daninhas de difícil controle.

Redução de danos por pragas iniciais após a retirada de ponte-verde.

A adoção de culturas de cobertura na entressafra

O plantio de culturas de cobertura proporciona uma série de benefícios para o sistema produtivo, como, por exemplo:

Descompactação do solo.

Redução da infestação e germinação de plantas daninhas.

Interrupção do ciclo de pragas.

Aumento na disponibilidade de nutrientes para a próxima cultura.

Maior absorção e armazenamento de água.

Proteção do solo durante a entressafra.

Esta estratégia é essencial para produtores que pretendem aguardar a melhor janela de plantio para instalar o milho safrinha ou outras culturas de interesse comercial.

Vale ressaltar que as culturas de cobertura devem ser semeadas com sementes de procedência, e que mesmo não se tratando de culturas comerciais, devem receber monitoramento e manejo, principalmente para pragas.

Características das culturas de cobertura

O milheto (Pennisetum glaucum) e a crotalária (Crotalaria juncea) são dois exemplos significativos de culturas de cobertura utilizadas por quem já efetua o manejo de entressafra. Cada uma delas possui características diferentes. Veja a seguir como elas podem ajudar a proteger o solo após a colheita da soja.

Milheto

O milheto consegue se desenvolver bem mesmo em áreas com baixo nível de fertilidade e apresenta resistência à seca. É capaz de produzir de oito a dez toneladas de massa-seca por hectare.



Por conta dessas características, é recomendado que o plantio desta cobertura ocorra após a colheita da soja.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os benefícios do milheto como cobertura são:

  • Baixa exigência hídrica.
  • Demanda a aplicação de poucos insumos.
  • Alta capacidade de ciclagem de nutrientes.
  • Crescimento rápido e elevada produção de biomassa.
  • Facilidade de mecanização para semeadura.
  • Ajuda a reduzir a população de nematoides Meloidogyne incognita e javanica, Pratylenchus brachyurus e Rotylenchulus reniformis.

Crotalária

A crotalária é uma leguminosa que tem sido utilizada graças à grande produção de massa-verde, que varia de 21 a 60 toneladas por hectare, gerando cerca de dez a 15 toneladas de massa-seca por hectare. É considerada uma planta excelente para a cobertura do solo, para produção de matéria orgânica e para o controle natural das plantas daninhas.



Em razão da sua capacidade de fixar nitrogênio atmosférico no solo, a crotalária reduz a necessidade de aplicação de fertilizantes nitrogenados.

Segundo a Embrapa, os benefícios da crotalária são:

Redução da taxa de reprodução de nematoides do solo, principalmente dos gêneros Pratylenchus e Pseudhalenchus.

Rápido crescimento.

Melhora as condições de conservação do solo.

Contribui para a recuperação e o desenvolvimento das lavouras, ampliando a produtividade, por meio do enriquecimento do solo.

Culturas de cobertura no geral

Existem dezenas de culturas de cobertura que podem ser utilizadas durante a entressafra. O que deve ser considerado para realizar a escolha mais adequada são a época de plantio, o ambiente produtivo, e claro, os objetivos secundários da adoção.

Podemos escolher culturas com foco maior na descompactação do solo ou para o manejo de nematoides por exemplo. Embora na maioria dos casos o objetivo principal seja evitar o pousio, convém traçar estratégias antes mesmo da colheita, para definir o que se espera do manejo de entressafra.

O próximo plantio de INTACTA RR2 PRO

Com um solo protegido, ausência de plantas daninhas de difícil controle e redução da população de pragas, os obstáculos da segunda safra serão muito menores, facilitando o manejo pós-colheita.

Esse é o benefício que conquistamos quando compreendemos que a rotação de culturas e o manejo entressafra integram um sistema produtivo, não nos limitando apenas ao manejo safra por safra.

Neste contexto, fazer um bom manejo na entressafra significa solo limpo para o plantio da sua cultivar ideal INTACTA RR2 PRO no verão 2021/2022.